Ara Mystake

Me diga como você me vê, foi o pedido de uma amiga. Presente de aniversário, solicitado com três meses de antecedência, escrever o que eu acho dela. Seja sincera, mas não seja cruel, ela me disse, brincando, mas notei seu temor. Sou conhecida por minha sinceridade, pelo meu descaramento, por dizer exatamente o que eu penso. E é por isso que minha resposta a esse pedido será brutalmente verdadeira: eu vejo você. Você quer ser notada, mas ao mesmo tempo quer passar despercebida, tem medo de fazer algo errado, de ser vista, de se envergonhar. Seu medo de fracassar é tão grande que você já tenta contando a derrota. Você tem tanta certeza de que está errada, que precisa de conserto, de reparo, que acredita que é o alvo de todas as críticas e vive em um constante estado atingido, sofrido, e não enfrenta as pessoas, as situações. A vida te assusta, viver de assusta. Se eu te disser suas qualidades, você ressaltará seus defeitos e se eu te apontar seus defeitos, você concordará comigo. A minha opinião não importa, a de ninguém importa, mas vou te dizer o que eu acho. Pra mim, você é uma pérola perfeita dentro de uma ostra doente que está escondida e apavorada de se mostrar para o mundo, com receio de ser reprovada. Eu vejo você e não sou a única. Mas e você? Você se vê?